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  • Vera Cristina

Prólogo

Eu poderia escrever coisas românticas sobre as flores, uma para cada dia de setembro ... Poderia ... Mas as palavras que vêm da minha alma clamam por outras expressões do Ser. Talvez reflexos ainda de agosto e suas loucuras, palavras excludentes, conversas que alumiaram partes escuras de pessoas até então “iluminadas”, “cidadãos de bem” ...

Além disso, a ocupação daquele terreno, antes apenas um campinho de futebol abandonado, no bairro da Laura Claire, ou Dona Laura, como é conhecida no bairro, trouxe outras possibilidades, mais instigantes e que reverberam em mim.

Em apenas dois dias, a tenda se ergueu ali e a notícia se espalhou. Uma tenda alta, vermelha escura, de pano grosso, sem deixar ver seu interior. O perfume de flores que saia e invadia o ar ao redor cada vez que o pedaço de pano que servia de porta era erguido também intrigava a todos. Melhor seria dizer todas, porque, talvez por coincidência, aquele lugar não despertou a curiosidade dos homens. Ali também era o espaço delas.

Um pequeno cartaz à entrada, gentilmente, explica que é um local de conversas entre mulheres, apenas. De qualquer tipo, idade, raça, ocupação, orientação política, sexual ou espiritual. As reuniões serão diárias e, para que todas se sintam à vontade, nenhuma mulher deve usar seu próprio nome, mas um pseudônimo de flor, aquela que gosta mais ou julga mais parecida com sua personalidade.

E assim é que minhas postagens no #setembrotar serão sobre essas flores, que falam por si, e trazem expressões tão diversas do universo feminino como as flores que começam a aparecer neste setembro colorido.

E vamos logo, porque a primeira reunião já começou ... corro, puxo para o lado o pano pesado e entro naquele espaço. E me deparo com um espaço sagrado, acolhedor. Para não atrapalhar, sento-me em um banco na fileira de trás.

Venha também e sente-se ao meu lado, em silêncio e escute estas mulheres. Talvez você queira falar em algum momento. Sinta-se à vontade. Respire fundo e não se preocupe com o tempo lá fora. Aqui é a Tenda Vermelha e está tudo bem.



Foto Loïc Fürhoff, de Unsplash.com



Foto arquivo pessoal



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