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  • Vera Cristina

O céu

Adoro céu azul, céu de “brigadeiro”, como dizem alguns. Também gosto de céu com nuvens, que desenham algo no azul como se fosse uma aquarela.


Hoje o céu tem muitas nuvens, penso. E elas não formam desenhos, apenas se adensam contra o azul. Mas quando pouso minha atenção nele, vejo que não é tanto assim: tem aquelas nuvens de algodão desfiadinho contra um azul clarinho de fim de tarde. Densos estão meus pensamentos. Carregados das águas das emoções estão meus sentimentos, o que vai por dentro e, por isso, não quero muita conversa.


Como criança, quero me deitar na grama e observar as nuvens, internas, passarem; sem julgamentos, sem colocar nomes nas formas, apenas percebendo que as formas que se desenham no céu talvez, e digo talvez porque realmente não tenho certezas neste momento, talvez sejam um reflexo das formas que passeiam pela minha mente.

Outro dia, falava (ou escrevia? escrever é como conversar com alguém?) sobre o rio subterrâneo que corre por baixo de minha pele e que contém minhas sombras. Percebo agora que sobre minha cabeça, minha mente, tem um enorme céu com nuvens, passarinhos, rastro de avião, que refletem minhas angústias, aflições, também, minhas alegrias e levezas internas.

O macrocosmo, o microcosmo, dentro, fora, eu, eles, nós. O limite, percebo, não está na minha pele, mas no meu olho, na percepção limitante do ‘eu sou’. O céu, certamente, é o limite. Ou é o começo ...

15.ii.2021


Foto: céu (arquivo pessoal).


@travessiastextuais

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